segunda-feira, 9 de março de 2009

A tua noite, o teu livro

Amiga, achei importante, tanto para mim como para ti, deixar-te aqui a minha versão da noite. Da tua noite. Vou-te confessar que a minha disposição era escassa, sexta foi uma noite que se prolongou mais que o pretendido, dormi pouco e o cansaço era inevitável, quando quis parar um bocado para ver se dormia, já tu me mandavas mensagens, já tu me esperavas. Cheguei tarde por ir a pé, fui sozinha, mas em nenhum momento vacilei ou pensei duas vezes. O meu dever era vender os livros, mas rapidamente arranjaste quem me substituí-se, de certa forma obrigada, tentação muito grande ter tanto dinheiro no bolso num sábado à noite (como é obvio estou a brincar). Achei particularmente engraçado confiares tal tarefa ao Fênix, ao fim e ao cabo tinhas acabado de o conhecer, gostei dele, gostei de conhecer quem se escondia atrás de outros blogues que me entretinham, não sei se eu viria de numa terrinha afastada a um lançamento de um livro cuja autora apenas conhecida pelo seu blogue. É preciso certa coragem para nos infiltrarmos assim num meio. Como pretendias senti-me no meu habitat, não houve olhares de canto, nem pessoas indesejáveis, apoderei-me do champagne, sinceramente nem gosto muito mas o nervosismo na barriga crescia já que tencionava ler o teu texto das “Hormonas”, texto esse que não cheguei a ensaiar, o que não implica que não soubesse ler. Quando me disseste que não dava tempo era suposto sentir-me aliviada, mas não, fiquei mais desconsolada. Como fui para lá sozinha, sentia-me um bocado perdida, por isso, à primeira boleia que surgiu vi-me embora. Sabes que este nosso amigo, o que não me quis levar lá, também não se disponibilizou a trazer-me e olha que ambos fomos parar ao mesmo sitio! Do jantar gostei, gostei muito, achei-o um bocado dividido, houve quem classifica-se logo os grupinhos, o que me deu muita vontade de rir. Já para não falar do peixinho, que estava óptimo! Estou segura de que o segredo se encontrava no molho.

E logo a seguir ao jantar, já não houve fome para a sobremesa, cansei-me um bocado de lá estar tanto tempo, por estar ansiosa ou apática. De todas as formas a ti, vi-te nas tuas sete quintas, acho que nem sabias muito bem com quem falar, por estar tanta gente à que tens tanto a dizer. Achei certas personagens do jantar deveras curiosas, e a muitas olhava e me perguntava “que tem este para ser seu amigo?” Mas como não se deve julgar ninguém pela aparência, acho que me comportei muito bem para quem se dedicou à bebida finalizando o tal peixinho delicioso.

Depois andei desaparecida, fomos ate outro lado, e ao chegar a Braga novamente voltamo-nos a encontrar. Andavas eufórica, como te conheci, sabes, aquela criaturinha loira, da que tu não gostas, vou-te confessar que também não vou muito com a cara dela, simplesmente é daquelas pessoas com as quais obrigatoriamente me tenho de relacionar e prefiro dar-me bem do que mal. A sua constante preocupação com as unhas, ou o top é deveras cansativa, já para não referir que tem o odioso costume de se empoleirar (literalmente) em quem não deve, mas cheguei a uma conclusão sobre ela, a caminho de casa viemos a discutir sobre ela e chegámos à conclusão de que a miúda simplesmente é carente. Coitada.

E sobre o teu livro, gostaria de te dizer algo que ainda não tenha dito ninguém, mas deduzo que “vai ser o primeiro de muitos” e “felicidades” tenha sido do que mais ouviste ao longo da tua noite.

Um beijo grande

A de 18

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Como eu te vejo



Já andava há algum tempo para escrever algo para ti, não te queria dizer nada, ou para não me comprometer, ou então porque seria muito mais fascinante descobrires por ti própria, à medida que lês que realmente são para ti as minhas palavras. Como já te falei não será surpresa o que não implica que perca a sua magia!
Consigo lembrar-me da primeira vez que te vi, não te julguei sequer portuguesa pois a tua mentalidade não é de cá, e sabes disso. Soube que não serias mais uma menina de cabeça vazia, dessas muitas que se encontram na noite, tu tens uma postura diferente que denuncia uma forte personalidade à primeira vista. Não me olhaste de cima a baixo nem com desconfiança, como as mulheres se costumam olhar umas às outras, e falaste comigo sem qualquer preconceito, como se já fossemos amigas há muito. Vi em ti o conceito que eu tenho de festa, do que é realmente curtir uma noite, e achei ainda mais curioso o facto de gostar tanto de uma rapariga que dava beijos na boca ao rapaz, que na altura, era o meu mais-que-tudo. No fim dessa noite ele mandou-me mensagens a justificar-se, pois temeu de mim ciúmes teus, e eu a agradecer-te, secretamente, o quanto o aproximas-te de mim inconscientemente.
Vi-te, e vejo-te, como alguém com muitas histórias, a tatuagem do feto que trazes no braço, sei que tem algo por trás e nunca me senti no direito de te perguntar seja o que for. Há conversas que não devem ser forçadas pois surgem nos momentos certos. Sei que há quem te olhe com preconceito, se calhar até com receio, mas também sei que isso não te interessa nada, não te interessa a ti nem a mim, e é esse desprezo que enerva as pessoas e as faz criticar mais.Encontrar-te é sempre uma alegria, identifico-me com a tua espontaneidade e naturalidade, com o "quero lá saber, tou toda fodida", e admiro a tua maneira subtil (bem, às vezes não é assim tão subtil mas o que conta é a intenção)de juntar as pessoas, acho que às vezes nem te apercebes que abres portas em relações que eu já dava por acabadas. Sabes que eu tenho a má sorte de querer fazer as coisas bem e depois acabar tudo ao contrário, sabes que com certas pessoas que me importavam não agi da melhor maneira, como foi o caso do Dani, mas ele agora até já tem uma namorada nova, e ainda bem, é porque não o magoei assim tanto... Mas ainda vejo muito rancor nele, na forma altiva como me cumprimenta, faz-me sentir que só o faz por educação, mas isso agora também não interessa nada já que estamos a falar de ti.Identifico-me com a tua confiança, as mulheres nem sempre têm a capacidade de elogiar-se umas às outras sem falsidade, e sei que tudo em ti é verdadeiro. Porque és de carne e osso, tão real como a vida, tens a tua personalidade muito vinculada e sabes que as pessoas têm de te descobrir e gostar de ti da maneira que és, quem não gosta também não te faz falta.
Quero escrever contigo por encontrar nos teus textos o abrigo dos meus, por absorver cada palavra tua e perguntar-me onde andaste este tempo todo para só agora te descobrir?Se consegues formar as tuas alegrias e tristezas mediante o estado de espírito daqueles que te importam és sem dúvida especial. Se consegues entender as minhas palavras sem me julgar és sem dúvida uma amiga! E se consegues ser superior a todos aqueles que te tentam deitar a baixo és sem dúvida forte!Da última vez que estive contigo chamaste-me de apaixonada, não me questionei se realmente o estava senão se se notava algo que me esforço tanto por esconder. Sinto pena que somente se admire a coragem na batalha, mas afinal batalha é cada dia e cada dia que te vejo admiro a tua coragem, mesmo que não a manifestes porque eu sei que a tens. A coragem de te manteres sempre tu, sempre firme na tua posição, porque tu és tu, e tens o valor de te apresentar sempre como aquilo que és!






" A de 18"

anteriormente publicado aqui : http://insomnia66.blogspot.com/2009/01/como-eu-te-vejo.html

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Ela?!? Sim "ela" mesma!!!


foto: luis azevedo


Quando vi o titulo pensei: Será "ela" a mesma que eu penso...
Aqui tens a melhor definiçao que encontrei para "ela", embora defini-la nao seja tarefa facil.

" Apetece-me escrever sobre ela. Por nenhuma razão em especial e por todas em particular.
O nome dela? Não acredito que seja necessário, todos irão reconhece-la nesta breve descrição. Apetece-me escrever sobre ela. Por nenhuma razão em especial e por todas em particular. Talvez porque conheça muitas pessoas que vivem com ela uma ligação, uma espécie de analogia “amor-ódio”.
Quase como uma paixão arrebatadora, mas fugaz, que provoca aquelas sensações fantásticas que seguir vão ser substituídas por estados infernais. É quase amor á primeira vista para muita gente, existe quase sempre um fascínio que se vai prolongando nos momentos em que mostra os seus efeitos no pico mais alto. Torna-se quase sempre difícil resistir aos seus encantos, mesmo quando já se conhece a ansiedade que provoca, quando o cérebro começa a funcionar de forma desconexa e se perde completamente o controlo sobre tudo. É aí que surge o ódio, quando se percebe que ela assume o comando muito facilmente. Paulo Coelho disse uma vez e disse muito bem, que “ ela é má por ser tão boa”. E falou na primeira pessoa, pois também ele um dia se apaixonou por ela e viveu a tal analogia “amor-odio”. Se fosse uma pessoa, poderíamos dizer que se tratava de uma pessoa de extremos. Quase que não há meio-termo, e é intensa no bem e no mal. Quem fala na primeira pessoa e por experiencia própria a descrição é muito idêntica. Não conseguem encobrir o fascínio e magnetismo. Gostam dela. Não há como camuflar esse facto. Gostam do sentimento de liberdade, de gozo e de prazer. Mas depois…com o passar do tempo ela também dá a conhecer o lado mais sombrio e quanto ela torna as pessoas mais vulneráveis. E se num momento ela eleva, no momento a seguir pode roubar muito da identidade de uma pessoa. Rouba sempre uma porção gigante da auto-estima, quando não se apodera dela por inteiro. Por vezes torna as pessoas irreconhecíveis aos olhos dos outros.
Ela, como quase tudo na vida, tem um lado momentaneamente sublime e superior, e outro lado eternamente pardacento e opaco. Ela…ainda será preciso dizer o nome dela?"

A de 28



( anteriormente publicado aqui:
http://inesemafaldaconversasperdidas.blogspot.com/2008/07/ela.html#links )

Ela...


foto: luis azevedo

Quando ma apresentaram, eu não tive medo, acho que nem sabia bem do que se tratava, ou então sabia mas não queria saber. Também não foi curiosidade, sempre houve coisas que me moviam mais do que este assunto, que sinceramente até aquela altura, me passava ao lado. Foi porque eu sabia que me iria cruzar com ela, mais cedo ou mais tarde. Todos evocavam o seu nome, a cada instante ela parecia presente, sem eu entender porquê o seu poder foi crescendo em mim, mesmo antes de a conhecer. O seu nome não digo, afinal falam-me de exposições de vidas em sites de internet, como este nosso canto, mas minha amiga, ela dispensa apresentações…

E na primeira noite que saí com ela, tudo foi diferente, deixei-me levar pela sua sedução e grandeza e soube que as minhas noites já não seriam as mesmas se ela não estivesse presente. E o medo, só nasceu aí…

Ao dia seguinte foi como se me tivessem cortado as asas, uma tristeza profunda, que não sabia explicar de onde vinha. Quis escrever sobre ela, mas nem a sabia definir, nem explicar o que me tinha feito sentir. O que me preocupava era encontrá-la outra vez, para me sentir bem. Mas como nem todos os dias são dias de festa, aguardei pacientemente o fim-de-semana, e é assim até hoje, e olha que já lá vai mais de um ano de excessos, porque eu dou-lhe a mão e ela leva-me muito longe. Sabes que eu sou daquelas pessoas que gostam de ir até ao limite, a linha ténue entre mim e o abismo faz-se próxima cada fim-de-semana, no entanto sinto borboletas esvoaçarem no estômago só de ouvir o seu nome. A perdição está já ao virar da esquina, quando damos por ela o fim-de-semana começa à quinta e acaba à quarta. Nem nos apercebemos bem do caminho que estamos a levar, e quando damos por ela já estamos muito longe de casa. Porque apesar da sua grandeza, ela também consegue passar desapercebida e transformar-se na nossa rotina, e nós nem nos apercebemos até já ser tarde, e não haver maneira de voltar. Mas o maior prazer dela é esse risco, esse risco que corremos cada vez que a encontramos no nosso caminho, não há maneira de fugir, as nossas vontades traem-nos sempre na hora da verdade. Porque todas as nossas vontades vão dar a ela… Ou consegues prometer-te hoje a ti mesma que nunca mais irás em sua procura?! Eu não… E não é por isso que sou fraca, senão fracos seríamos todos, porque hoje em dia, ela está em qualquer parte, o que é deveras assustador, se pararmos a pensar no assunto.

A de 18.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Há dias assim!




Acordar… O despertador enervante, escolho desliga-lo e depois tenho de fazer tudo à pressa. Uma vez mais adormeci. Lá está a minha mãe, num tom de voz ainda mais enervante do que o despertador a repetir-me a mesma lenga-lenga de todas as manhãs. Isto não é maneira de começar o dia…

A roupa que vou vestir é a que está mais à mão, pode ser que ninguém repare que já usei estas calças ontem, “Juliana olha as horas, não vais para escola sem pequeno almoço, leva casaco, ontem não vieste dormir, não vou mais às reuniões de pais, estou farta da tua directora de turma encima de mim”, acho que já começo a suar só de a ouvir, sinto o coração num fervilhar tal que a minha única vontade é dar um berro daqueles de fazer estremecer os vidros. E a verdade é que cada segundo que passo em casa é uma luta constante entre o acalmar-me e guardar a raiva que estes comentários despertam em mim, ou simplesmente rebentar numa discussão violenta que nunca leva a lado nenhum… Isto não é maneira de começar o dia…

O pequeno almoço é basicamente sugado, não acordo com muita fome mas só para não ter de ouvir a minha mãe até faço um esforço, e lá vem ela para a cozinha, controlar os poucos movimentos que realmente pode controlar em mim, “vai para a cama, estás aqui a fazer o que…?”. Parece que a discussão se faz inevitável, a minha mãe está a ficar velh e eu não tenho paciência, lá vem a minha avó acalmar-me a falar da menopausa… Sabes há quantos anos ouço a desculpa da menopausa?! Sinceramente não sei qual das duas está pior, mas sei que cada momento que passam sozinhas é uma constante conspiração contra mim, quantas vezes chego eu a casa e as ouço em criticas blasfemas contra a minha pessoa, esta casa parece um campo de batalha… Depois vêm-me as duas, à vez falarem mal uma da outra, a minha mãe “ah porque e tal, já sabes que a tua avó já tem 80 anos, e parece que ainda vive no tempo do Salazar a censurar tudo aquilo que digo, sempre atrás de mim, temos que ter paciência…” quando a minha avó aparece ela cala-se, vai-se embora. E a minha avó “ah nunca mais lhe passa essa coisa da menopausa a tua mãe, está sempre apegada aos cães, faz-lhe mais companhia a eles do que a mim… ela não compreende que eu já tenho a minha idade… ah… não apagaste a luz da entrada…”
Será que eu tenho cara de livro de reclamações!?

Nestas ocasiões ir para a escola até se faz alívio, quero lá saber que se fundam ambas em manifestos contra mim, não quero é estar lá, ainda me fazem velha mais cedo do que o que quero.

Quando chego à escola percorro os corredores já silenciosos, por estarem todos em aulas, sala 17, bato a porta e a minha turma fica silenciosa, com olhares entre si de desprezo por eu ser sempre a mesma, a professora diz que já tenho falta mas eu entro na mesma, sei que no fim ma tira se não conversar muito. Pego no papel e na caneta e ponho-me a escrever… Uma escrita triste e melancólica, sabes que as coisas nem sempre correm bem, aliás, complicado é manter o sorriso com manhãs assim, mas penso, deixa lá, afinal hoje é sexta!
“Analisem o poema da pagina 134”, só por curiosidade, deixa lá ver qual é o poema.

Fernando Pessoa :


Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!




Ahh…! Ao menos de tantas escolhas que já tive, a da minha área sei que escolhi bem.
Depois vim para casa, e no meio de tantas ideias depressivas, poemas, e cigarros, aparece o teu texto, e eu penso “há coisas que não acontecem por acaso”, e consegues-me arrancar o primeiro sorriso de um dia que tinha tudo para ser desastroso. Linha após linha, a minha expressão vai mudando, a minha avó volta outra vez ao ataque, mas sinceramente já nem a ouço, discurso martirizante, está à espera da minha compaixão. Enfim. Como te dizia, não demorei nem um minuto a partir do momento que se esgotaram as tuas palavras e eu abri o Word, cheia de inspirações novas, às vezes tenho a sensação de que não falo de tudo o que pretendia. Mas tenho a vida toda para passar para o papel o que trago comigo, bem cá dentro, escondido, abafado… Sabes que nem sempre fui assim, antes era mais bixo-do-mato, que se escondia atrás de livros e músicas, que não queria saber nem de saídas à noite nem qualquer contacto com outros humanos o feriam, ou me feriam. Sabes que houve um dia que acordei do avesso, e disse para mim “chega”. E ate ali chegou. “Vou mudar, e começo hoje.” Mudança positiva que se estende até agora, no entanto nunca deixei de escrever, porque sim, a escrita nasceu comigo, nem sempre foi subtil como o é agora, e já escrevi coisas que não têm ponta por onde se lhe pegue, claro, é normal.

JUUUKA :) beijo

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Pensando bem nada será por acaso...


foto: Amanda Com

Tu não sabias, mas eu adoro macnuggets. Imaginei-te imediatamente vestida com aquela farda. Com algumas alterações é certo, porque para ti teria que ser algo mais arrojado. Talvez um decote. Não que tu precises de te evidenciar por aí, mas nao consigo imaginar-te com a farda típica de quem trabalha na dita cadeia de fast food. Seria tão mais divertido ir ao MacDonalds comprar caixas de nuggets de 4, daqueles da promoção de 1 euro e encontrar o teu sorriso.
Mas não, não prevejo esse destino para ti. Não que esses trabalhos sejam vergonhosos ou menos dignos, mas encaixam apenas em pessoas que pouco sonham, e desculpa-me, mas isso não encaixa de maneira na pessoa que vejo em ti.
Temos um sonho em comum, um sonho chamado escrita. Desde que me conheço por gente que me lembro de sonhar com o mundo das letras. As vezes ainda me questiono se não terei saído da barriga da minha mãe já com caneta e papel em punho, e carregada de ideias mirabolantes prontinhas a ganhar vida.
Suponho que contigo não tenha sido diferente.
Ainda me lembro a primeira vez que cliquei no teu perfil do hi5. Não, não fui directamente para as fotos como a maioria das pessoas. Os meus olhos foram directos para a descrição que lá tens sobre ti. Devorei cada palavra que fui encontrando, não só por me identificar com a maioria do que lá tens escrito, mas principalmente pela forma como o expressas-te.
Sabes aquela sensação que temos quando lemos um livro, ou uma crónica de que aquilo está tão bem escrito que gostaríamos ter sido nós a escrever? Foi esse o meu sentimento na altura. Embora para mim, não fosse certo se terias sido tu a escrever aquilo, fiquei deslumbrada.
Meses mais tarde perguntei-te, e tive a resposta que queria ouvir. Sim…a autora daquelas palavras era mesmo aquela menina bonita que encontrei numa daquelas noites de loucura, embaladas pelo som e pelas substâncias que tanto gostamos as duas.
Mas havia mais. O que não foi surpresa nenhuma, afinal quem escreve algo como o que está no teu hi5, tem que gostar do sabor das letras, do encaixe das palavras, e tu não fugiste á regra. Escreves. Escreves muito e bem. O endereço do teu blog passou desde aquele momento a morar nos favoritos do meu pc e digo-te que quando fui ler, o consumi de uma vez só. Consumi-o com tal prazer que nunca mais deixei de o visitar. Esta foi também uma forma de eu conhecer um pouco mais a Ju, afinal as pessoas estão impressas naquilo que escrevem, e eu depois de ler-te gostei ainda mais de ti. Parece que conseguimos chegar mais perto uma da outra.
Escrever contigo e para ti cria em mim uma espécie de vibração. Sabes aquele empolgamento? De imaginar a tua expressão ao decifrares as minhas palavras. Sim, eu sei que sabes. E eu gosto disto, ainda mais sabendo que te faço crer em ti mesma. Sonhos distantes? Distantes ou não, serão sempre sonhos. E sabes o que eu costumo dizer? Eu sou a prova de que os sonhos nos levam sempre onde queremos chegar. Sonhos surreais? Isso era agora tu lembrares-te que querias ser actriz, sem que existisse em ti o menor talento para representar. Parte dos teus sonhos passam por aquilo que eu acredito que tu já tens…o dom da palavra.
E se reparares isto que nós estamos a fazer é precisamente continuar.
Já te contei a historia da menina que tinha muitos sonhos? Uma menina que um dia se lembrou de criar um blog, porque sempre acreditou que um dia ele daria os seus frutos. E deu… as visitas começaram a aumentar, as palavras de apreço em relação aos textos, os comentários a aumentar. E ela só agradecia e agradece o facto de todas aquelas pessoas alimentarem dia após dia o seu sonho. Em breve vai saborerar mais um fruto resultante do prazer de escrever. Mas não vai parar. Para ela isto é apenas o inicio de mais um ciclo…e como a vida é feita de etapas, a tal menina que tinha muitos sonhos que por acaso sou eu, quer iniciar mais um ciclo com outra menina que por acaso és tu.
Pensando bem nada será por acaso.
Tu, que tal como eu és adepta de que o que conta é o conteúdo e nunca a embalagem. Não me deslumbro demasiado com o embrulho sem antes espreitar o interior. O que não faltam são packs todos enfeitados que não passam de fraudes. Fraudes humanas, fraudes literárias…mas isto é outra história que daria já um texto de mil palavras. Vês, não somos muito diferentes. Perdemo-nos por entre assuntos e divagamos sobre isto e aquilo. E olha que não acho que isso seja mau…muito pelo contrário.
Eu e tu…porque somos embalagem com conteúdo. E esta é só mais uma forma de expressa-lo ao mundo.
Por isso esquece lá a ideia de servir Macnuggets, e já agora a do T0, porque eu imagino-te mais a escrever compulsivamente na tua casa de campo, enquanto o Mundo espera ansiosamente mais um livro teu. E claro, uma dessas pessoas será a esposa rotineira de um tal homem que já passou na tua vida. O tal que vai encontrar o teu livro na mesinha de cabeceira e dizer: “ Afinal ela é a prova de que os sonhos nos levam sempre onde queremos chegar.”
E enquanto ele olha vezes sem conta a capa do teu livro, nós estaremos rodeadas de pessoas interessantes e genuinas, embaladas pela magia da musica, inebriadas por sorrisos especiais a brindar mais um sucesso.

Um beijo e até breve
“ A de 28 “

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

“Não sei” ou “Quando souber…”



Se calhar não é o melhor titulo para iniciar o nosso blog, mas digo-te já, que amei a ideia desde o início, sabes que por vezes entre as tuas palavras surgem-me ideias ou apenas possíveis respostas, já tu crias as perguntas e também respondes, o que deduzo deve dar muito trabalho, mas como quem corre por gosto não cansa, quem não cansa não deixa de correr, e fazes-me acreditar que os meus sonhos não estão assim tão distantes e não são assim tão surreais. De certa forma dás-me força para continuar, tu e quem lê o que escrevo, porque se conseguir apenas que uma pessoa o faça já valerá a pena tudo o resto.

Sabes, melhor do que ninguém, que por vezes se faz complicado, que noutros autores e noutros livros, nos inferiorizamos, e sentimo-nos pequeninas, é nessas alturas que sinto que deveria acordar deste meu sonho, que nunca chegarei a lado nenhum, mais vale estudar, tirar o meu curso, ir para o desemprego ou ser mãe solteira, com dois catraios a pedir comida e a desarrumar-me o T0 que com esforço consigo pagar todos os meses, se calhar em trabalhos pouco legítimos, ou simplesmente vergonhosos, atrás de uma caixa de super-mercado ou a servir Mcnuggets, a clientes obeso-depressivos que desconhecem que atrás da farda mal cheirosa de Mcdonald´s se esconde uma artista incompreendida que nunca arranjou força para se revelar ao mundo e que as suas palavras se calaram nas gavetas do T0 mal cheiroso, por covardia a nunca serem reconhecidas…. Se calhar entre os meus deveres domésticos não terei tempo para chorar, ou para escrever, andarei anestesiada, talvez me perca na droga para me esquecer que podia estar em conferências, ou a dar discursos sobre o meu último livro, com algum título emocional ligado a palavras, sentimentos, mocas… sei lá. Amiga, para títulos não tenho muito jeito, até há bem pouco tempo não dava título a nenhum dos meus textos, depois decidi que o titulo não faria mal a ninguém e se calhar até chamava a atenção. Para um livro meu eu chamava-lhe “Não sei”, ou “Quando souber…”. Não te rias que estou a falar a sério, se calhar até ninguém o compraria, ou sim, pois um titulo desses suscita curiosidade… ou não?

Eu sou mais partidária do que vai dentro, não interessa a embalagem senão o conteúdo, e olha que há por aí grandes embalagens, com grandes artifícios e enfeites, que de conteúdo são penosos! Não falo só de livros, claro. Mas não vou começar a divagar pois já ia fugir ao assunto, e começar a falar de sexo ou do crescimento do pelo aos cães… Assuntos importantíssimos para um primeiro texto!
Resumindo, quero-te deixar aqui os parabéns, a minha sincera admiração pela forma como te destacas, e como escreves, e espero que um dia, as nossas palavras tenham força para iluminar todas as almas incompreendidas, senão serei obrigada a servir Mcnugget´s, e ninguém merece tal destino!!

Beijo, Juka!